quinta-feira, 31 de outubro de 2013

“Um dia com o presidente da Câmara”

A reportagem prometida [edição de sexta-feira]

Na sexta-feira passada, o Diário As Beiras anunciou que na edição seguinte publicaria uma reportagem intitulada “Um dia com o presidente da Câmara de Coimbra”. Fê-lo ao alto da primeira página, a toda a largura.
No entanto, no sábado, o texto e as fotos que o jornal ofereceu aos leitores abarcavam apenas a actividade do presidente da autarquia no período compreendido entre as 8h00 e as 12h30.
Ou seja: o prometido não correspondeu ao cumprido.

A reportagem... falhada [edição de sábado]

Esta situação permite algumas reflexões no âmbito exclusivamente jornalístico.
1. O jornal teve uma boa ideia: acompanhar o novo presidente da Câmara durante um dia de actividade.
2. Sou a favor de anunciar de véspera algo de relevante que se vai publicar no dia seguinte, porque essa estratégia permite captar leitores, designadamente aqueles que não lêem o jornal todos os dias - aqueles que poderíamos designar por “leitores flutuantes”, que lêem uns dias, outros não.
3. Depois de ter anunciado “Um dia com…” (título que repete no próprio dia da publicação da reportagem), e de não ter publicado aquilo a que se propunha, o jornal passa a dever uma explicação aos leitores. “Um dia com…” não é, logicamente, o período das 8h00 às 12h30.
4. Essa explicação não foi dada. E aquilo que tinha sido uma boa ideia, uma estratégia para captar leitores, transformou-se numa má decisão, que logicamente pode provocar descontentamento em quem compra o jornal.
5. Na mesma edição de sábado, em que dá a conhecer a actividade do autarca entre as 8h00 e as 12h30, o jornal anuncia o seguinte: “reportagem alargada e fotogaleria em www.asbeiras.pt.”. Ou seja, transfere a reportagem do papel para o espaço virtual, seguindo a mesma filosofia de outros órgãos de comunicação. O que é um erro: o leitor que tem o jornal nas mãos, que comprou o jornal, não gosta que lhe digam «Agora vai ler (e ver) o resto à Internet».
6. No entanto, horas mais tarde, e se tiver aceso à Internet numa tarde de sábado [a taxa da população portuguesa adulta que acede à Internet rondará, neste momento, os 45% a 50%], o leitor verificará que a sugestão de pouco vale: não há nem mais uma foto do que aquelas que são publicadas na edição em papel; quanto ao texto, há apenas mais três parágrafos, que reproduzo no final deste comentário. (*)

Em resumo: o que poderia ter sido um “furo jornalístico” acabou por revelar-se, praticamente, um fiasco. E com custos para a imagem do jornal junto dos leitores. Ressalvando a comparação, aquilo que jornalisticamente poderia ter sido “um tiro no porta-aviões”, acabou por ser um… “tiro na água”.
E isto aconteceu porque o Diário As Beiras esqueceu uma “regra de ouro” do Jornalismo, que não deverá estar escrita em qualquer manual mas que todos os profissionais com experiência conhecem bem: só se deve anunciar aquilo que já está garantido.

"Um dia com..." não se pode resumir ao período das 8h00 às 12h30

(*) TEXTO QUE NÃO FOI PUBLICADO NA EDIÇÃO EM PAPEL MAS QUE ESTÁ DISPONÍVEL ON-LINE

Por fim, há tempo para chamar a responsável pelo apoio às freguesias e dizer-lhe que este serviço vai ficar na dependência dodepartamento de obras e gestão de infraestruturas municipais. “Eu não gosto e não quero tutelas difusas”, remata Manuel Machado.

Almoço no Cantinho do Reis
Já passa das 13H30. Hora de almoço que, para não variar, vai ser no Cantinho do Reis. Com Manuel Machado seguem para o Terreiro da Erva os vereadores Carlos Cidade e Carina Gomes, o chefe de gabinete Nuno Mateus, a secretária do gabinete Zara Ilieva, o assessor de imprensa e a motorista.
O restaurante está cheio mas José Reis resolve o problema num ápice. E, enquanto se avia a travessa de petinga e a panela de sopa da pedra, há ainda tempo para lembrar alguns compromissos da campanha eleitoral. Há, todavia, um deles – plantar três árvores por cada voto acima dos 30 mil – que a vontade popular descartou. “Não faz mal, vou cumprir na mesma”, garante Machado, que quer lançar uma campanha de plantação de 1.500 árvores, mas com um detalhe: em vez das que abundam na cidade e que libertam pólenes, causando muitas alergias, vai apostar em espécies diferentes, como por exemplo o sobreiro e o azevinho.


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Os blogues e os jornais

(ADVERTÊNCIA INICIAL: Este texto foi originalmente publicado em "A Página do Mário", no jornal "Centro", em Outubro de 2006. Há sete anos, portanto... O essencial da reflexão continua válido.)

Há pouco mais de 20 anos, o “Jornal de Notícias” enviou-me durante quase duas semanas para Paris, para fazer a reportagem do referendo (e do debate quente que existia na sociedade francesa) sobre o Tratado de Maastricht.
Foi uma experiência enriquecedora. Mas com muitas dificuldades. Ainda não havia telemóveis, não havia computadores portáteis. Fui com a máquina de escrever, redigia os textos, pedia na recepção do hotel que enviassem o fax para o jornal e, à hora combinada, tinha de telefonar para saber se “o material” chegara em condições.

Hoje, é tudo diferente. Em qualquer lado há “rede”, chega-se com o portátil, escreve-se e envia-se. E se há qualquer problema, pega-se no telemóvel e esclarece-se o assunto de imediato.
O Mundo mudou muito nestes últimos anos. Hoje, o correio electrónico é indispensável. Na revista onde trabalho, as colaborações já chegam todas – à excepção de uma – por via electrónica; os textos e as fotos. Muito do “expediente comercial” também já circula por esta via: até, mesmo, alguns pagamentos.
Ou seja, no planeamento do dia de trabalho há que considerar uma fatia de tempo para os assuntos da Net; e, de preferência, há que estar constantemente ligado, para poder responder com prontidão a qualquer pergunta. Não há que discutir: hoje, as coisas são assim; são diferentes.

No entanto, os jornais – quase todos com as tiragens em queda – ainda não entenderam verdadeiramente o que está a acontecer. Olham de soslaio para a Net e, por arrastamento, para os seus conteúdos.
Actualmente, o cidadão que quer estar informado tem necessariamente de recorrer à Net. E dentro desta tem de reservar algum dos seu tempo para olhar (pelo menos, olhar) os blogues.

Blogues de Coimbra em Outubro de 2006

Cá por Coimbra, há alguns blogues que são de leitura quase obrigatória – e que vão suscitando um interesse cada vez maior, se olharmos ao número de visitas e de comentários que os leitores lá deixam.
Trago hoje aqui quatro “links”. “O Piolho da Solum”, um blogue bem disposto, faz diariamente, logo pela manhã, um resumo do noticiário do dia, comenta assuntos de interesse da comunidade e, de vez em quando, mostra fotografias de Coimbra antiga. E, pelo meio, há muita brincadeira e textos que nos fazem sorrir.
No “Política & House”, um blogue que dá muita atenção às questões internas do Partido Socialista, vão aparecendo textos – mais ou menos mordazes – sobre assuntos da cidade e do país. Nos últimos tempos, têm estado a ser publicados os rendimentos de alguns titulares de cargos políticos da região, com base nas declarações entregues no Tribunal Constitucional.
Crítico da actual direcção da Académica/OAF, o blogue “Pardalitos do Choupal” informa exaustivamente sobre o futebol da Briosa e a Académica em geral, divulga o calendário de jogos do fim-de-semana, informa sobre os resultados de todas as equipas e relata alguns jogos minuto-a-minuto, como ainda sucedeu no domingo. Depois, e por entre muita polémica estéril, surgem volta e meia textos de grande qualidade, como aquele que o ex-dirigente Fernando Pompeu publicou na semana passada e que até segunda-feira já tinha suscitado 144 (!) comentários.
Uma palavra final para o “Porta-Aviões”, que voltou a navegar há poucos dias. Criado pelo médico Maló de Abreu, é um espaço mordaz, na linha da histórica ironia coimbrã. Por ali passam assuntos de política nacional, política autárquica e – não fosse o seu criador um ex-candidato à presidência da Académica/OAF – temas ligados à Briosa.

A terminar, que o texto vai longo: muita da informação a que se tem acesso nos blogues não está habitualmente disponível nas páginas dos jornais. E é este desafio que os jornais não podem continuar a ignorar, sob pena de verem os leitores fugir. Porque, quer se queira quer não, o Mundo está mesmo diferente. Muito diferente.

NOTA: Destes quatro blogues, apenas o "Pardalitos do Choupal" continua em publicação. Os outros estão acessíveis. "A Página do Mário", da minha autoria, suspendeu a publicação em Julho de 2010 e tem estado inacessível.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Machado aumenta vereadores em 40%

Promessa eleitoral de Manuel Machado

À primeira vista, parece inacreditável.
Com o país à beira da bancarrota (sem saber se vai existir 2.º resgate ou programa cautelar de assistência financeira), o Estado continua a gastar o que tem e o que não tem. Sacrifícios?... Isso é coisa apenas do "Zé", que não afecta o "país político" .
Os exemplos são vários. O último está fresquinho e tem origem em Coimbra.
O novo presidente da Câmara Municipal apresentou uma proposta, aprovada na reunião de ontem, que aumenta o número de vereadores com pelouros (logo, a receberem dinheiro dos cofres da autarquia) de cinco para sete.
[Referem os jornais que serão vereadores a tempo inteiro, esquecendo-se de informar os leitores de quanto significa, em termos de dinheiro gasto, tal decisão.]
Numa Câmara em que os vereadores têm automóvel, e motorista, para se deslocaram de casa para o emprego (regalia que primeiros-ministros europeus não têm!), começam assim a agravar-se os sintomas de despesismo. Numa altura em que a generalidade da população vive a mais grave crise de décadas, repita-se.
Ironicamente, poder-se-ia escrever que Manuel Machado começou a cumprir uma das suas promessas: "Mais emprego". E acrescente-se que começou com vigor: alargar o número de vereadores com pelouro de cinco para sete é um aumento de 40%. É obra!
Termino como comecei: parece inacreditável.

Em tempo - A Câmara de Condeixa, também liderada por um socialista, decidiu igualmente alargar o número de vereadores a tempo inteiro de três para quatro, o que no caso significa um aumento de 33%.
Sobre este assunto, os vereadores do PSD tomaram a seguinte posição:
http://re-visto.com/posicao-dos-vereadores-do-psd-sobre-a-nomeacao-do-vice-presidente-e-sobre-a-fixacao-de-3-vereadores-a-tempo-inteiro-na-camara-municipal-de-condeixa/
[Actualizado em 29/10/2013]

ESCLARECIMENTO
Há comentários, anónimos, que estão bloqueados e não serão publicados. Repito o que já aqui escrevi: eu dou a cara, quem quiser comentar deve fazer o mesmo. É o mínimo que se exige. (E quem não gostar deste princípio tem muita Internet por onde navegar...)
De qualquer modo, estão publicados alguns comentários sem identificação, porque não são agressivos (nem mal-educados) ou ajudam a entender o "estado de espírito" da comunidade - os que gostam e os que não gostam daquilo que escrevo.
É o caso do comentário anterior, que me permite esclarecer duas situações:
1. Eu não estou revoltado com a vida, nem com ninguém. Continuo a ser a mesma pessoa. Estou desempregado, é certo. Mas nestes nove meses concluí um mestrado pré-Bolonha (o trabalho tem 310 páginas) e lancei este blogue. Não me parece mal... E há ideias na cabeça e projectos que talvez venham à luz do dia. É verdade: continuo à procura de trabalho, apesar de ter direito a subsídio de desemprego até... 2016. [E quem sabe quem cá estará nessa altura...]
2. O aumento do número de vereadores com pelouros de cinco para sete é um aumento de 40 por cento. Eu não tive nada a ver com a decisão, como é lógico. Limito-me a saber um bocadito de Matemática. Apenas isso.
[publicado como comentário em 30/10/2013]

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Azeite com 75% de desconto!

Boa semana!
Hoje opto por uma publicação mais leve, mas nem por isso menos interessante.
Trago duas informações com interesse geral, de verdadeira "utilidade pública", mas que os jornais esquecem, empenhados que continuam em fazer um tipo de jornalismo que não atende às mudanças do tempo actual.

A primeira: pode comprar azeite Gallo,no Continente, com 75% de desconto. Verdade!
Clique na imagem e saberá como fazer.

Desconto de 75% não é habitual

A segunda informação tem a ver com o "novo" calendário de revalidação das cartas de condução.
Atenção: os nascidos em 1939, 1941, 1943, 1948, 1953 e 1963 são obrigados a revalidá-la este ano.
Consulte o quadro.

(clique para ampliar)

Já está!
Aqui fica uma publicação diferente do habitual nesta manhã de segunda-feira.
Boa semana!


ACTUALIZAÇÃO

Fui comprar três garrafas. Custaram 17,67 euros, mas tiveram desconto de 13,27 em cartão.
Conclusão: cada garrafa de azeite Gallo (azeite virgem extra, colheita seleccionada) ficou a 1,47 euros.
Bom negócio!
Aproveitem - até dia 31.

sábado, 26 de outubro de 2013

Diário de Coimbra e Diário As Beiras: irmãos gémeos

Há dois diários em Coimbra: o Diário de Coimbra, com 83 anos de existência, e o Diário As Beiras, com 19. O aparecimento deste último, em Março de 1994, foi uma “lufada de ar fresco”, acabando com o “monopólio informativo” do primeiro. E provocou diversas alterações no modo de fazer e de apresentar a informação aos conimbricenses.
Hoje, quase duas décadas depois, a situação é paradoxal: os dois jornais parecem fotocópias um do outro. A concorrência, afinal, produziu... dois “gémeos”. As notícias são praticamente as mesmas, o ângulo de abordagem é semelhante, a proximidade aos diversos poderes é constante num e noutro.
[O tema merece ser abordado com maior profundidade. É um autêntico “caso de estudo”. Mas o leitor comum apercebe-se facilmente das semelhanças existentes entre um e outro jornal. «Saltam à vista!», como diz o povo. E chegam a assumir contornos ridículos, como é o caso que hoje analiso. Reflexões mais profundas, creio, não cabem no âmbito de um mero blogue.]

As posses autárquicas em Coimbra. Muito parecidas, quase iguais...

A cobertura das recentes tomadas de posse das diferentes câmaras municipais da região veio provar, mais uma vez, que Diário de Coimbra e Diário As Beiras não passam de “fotocópias” um do outro. As diferenças são mínimas.
Ambos decidiram apresentar os executivos municipais, os vereadores, da mesma forma. E mal, como se verá já a seguir.
Empenhados ambos num jornalismo sem textura, em que o importante é a “espuma dos dias”, os dois jornais optaram por publicar as fotos dos autarcas, apenas com os nomes e os partidos que representam. É interessante, mas pouco acrescenta aos leitores. Não passa - desculpe-se a comparação – de um conjunto de cromos, como existiam nas colecções de quando eu era criança. Há 50 anos.
A informação oferecida ao leitor é a mínima possível. Nem a idade, nem a profissão, nem o facto de se tratar de uma reeleição, por exemplo, constaram nas páginas dos dois jornais. (E esse tipo de informação já consta hoje das colecções de cromos de futebolistas, por exemplo.)

Mais iguais não poderiam ser: rosto, nome e partido. Só...

Mas a pobreza foi maior.
Nenhum dos jornais se lembrou de, na ocasião, recordar os resultados eleitorais em cada concelho (agora já números oficiais, finais), de caracterizar minimamente cada município (área, número de habitantes, eleitores, posição no “ranking” da qualidade de vida, número de beneficiários de apoios sociais do Estado, etc., etc.).
E isto poderia ser feito em pequenos quadros, sem ocupar grande espaço, mas aumentando consideravelmente o interesse informativo. Mas não: os jornais ficaram-se pelos rostos dos vereadores.

Mas a pobreza foi ainda bem maior.
As assembleias municipais, onde têm lugar os presidentes das juntas de freguesia, foram esquecidas. Nem listas nominais, nem sequer uma referência numérica à composição de cada assembleia. Nada, a não ser o rosto do presidente do plenário concelhio.

Espantam-se os jornais por estarem em crise.
Como se já não bastassem as dificuldades económicas de grande parte da população, o “apetite” pelas novas tecnologias e pelas novas formas de “consumir informação”, a concorrência dos meios audiovisuais (com a televisão, hoje e sempre, à cabeça), como se já não bastassem todas estas dificuldades, os jornais ainda dão – continuam a dar – autênticos “tiros nos pés”, produzindo edições que, cada vez mais, interessam a cada vez menor número de pessoas. E isto sucede em áreas informativas onde não têm a concorrência dos outros meios, pelo que é mais estranho ainda que não aproveitem estas oportunidades para fidelizar e captar leitores. (Não, ainda acabam é por perder alguns dos que têm, que não se revêem neste tipo de escolhas editoriais.)

Lamentavelmente, em Coimbra, os dois diários copiam-se um ao outro e fazem-no da pior forma possível. Apostaram, neste caso concreto, num “jornalismo tipo-passe”. Ou seja, publicando imagens, imagens e imagens, sem mais informação do que... um rosto e um nome.

Mas há outros exemplos deste “jornalismo de proximidade” a que Coimbra está condenada neste momento. Até um dia...

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

As várias tentativas de "ressuscitar" José Sócrates

Primeiro, foi a RTP, com "A opinião de José Sócrates", um programa apresentado como forma do canal público recuperar audiências.
Fiasco! O programa nunca teve audiência significativa. Os últimos dados que encontrei, referentes à emissão de 28 de Julho, colocavam-no no 15.º lugar, com 446.500 espectadores.
[Para se poder avaliar melhor o impacto do programa, vejam-se as três maiores audiências desse dia: Dança com as estrelas (TVI), 1.529.500 espectadores; Cante se puder (SIC), 1.510.500; Jornal das 8 (TVI), 1.187.500.]

No sábado, o "Expresso" publicou uma grande entrevista com o ex-primeiro-ministro. Comprei o jornal, como sempre. Mas, pela primeira vez, ainda está no saco de plástico e, neste momento, penso seriamente se valerá a pena comprar o jornal depois de amanhã, porque ainda tenho o da semana passada para ler...

Ontem, decorreu a cerimónia de apresentação de um livro, onde foi - ERRADAMENTE - referido que José Sócrates frequentou a Universidade de Coimbra. Não frequentou.

Texto do "Libération" há (apenas) três anos e meio
Um dos principais problemas do presente é a falta de memória. Os acontecimentos sucedem-se a ritmo veloz e os momentos de reflexão são cada vez mais raros.
Por isso, decidi recordar aqui um texto que o jornal francês "Libération" (insuspeito de tendências direitistas), publicou em 18 de Março de 2010, quando José Sócrates ainda era primeiro-ministro.
Começa assim: «Nada agora corre bem ao primeiro-ministro socialista, cujo nome está associado a casos de corrupção, no meio de uma grande crise económica.»
O texto pode ser ler lido aqui:
(Se não dominar o francês, peça ajuda ao tradutor do Google...)

Sobre a entrevista ao Expresso, os comentários de três blogues muito conhecidos:

Não sei se irei ler (ou não) a entrevista que repousa no saco de plástico do "Expresso".
Mas guardo boa memória da governação de Sócrates. Como afirma Maria Filomena Mónica, «acho que não há nenhum governante pior do que Sócrates. Nunca ninguém desceu tão baixo».
Daí que esteja convencido que a "ressurreição" de José Sócrates é impossível. Mas nunca fiando...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O frigorífico da Filomena

Andavam cansados. Ele e ela.
A ele sobravam-lhe os anos, a ela minguava-lhe o salário.
E assim foram vivendo, suportando-se mutuamente.
Um dia, porém, ela tomou a decisão inevitável: tinham de separar-se. Ele já não cumpria a função, volta e meia deixava de funcionar e, por escassos que fossem os euros, era necessário reformá-lo.
Foi assim que, depois de meses e meses de indecisão, a Filomena concluiu que tinha de comprar um frigorífico novo.

Foi à loja e disse o que queria: duas zonas, arca congeladora e frigorífico no mesmo aparelho. Levava até a preferência por determinada marca. Olhou, olhou, mas não viu o que pretendia.
O funcionário, simpático e disponível, disse-lhe que podia escolher por catálogo, que no prazo de uns quatro dias, uma semana no máximo, o frigorífico estaria em casa dela.
Assim fez. Abriu o livro, largo de folhas e repleto de fotografias, viu, viu e… escolheu. Era mesmo aquele, o da página 15, que ela queria. Acertaram a compra, o preço, o pagamento em prestações. E ela pagou logo a primeira, cerca de metade do valor do aparelho.

Uns dias depois, bateram-lhe à porta. Era o frigorífico. Chegara o momento da troca: levar o velho, usado por mais de 20 anos, e instalar o novo.
Mal romperam a embalagem, Filomena [é dela que estou a escrever] viu que não era aquele o modelo escolhido. Quem sim, que era, disseram os dois homens que tinham carregado o frigorífico escadas acima. Que não, teimava ela, factura de compra na mão, a comparar o número do modelo que constava no papel com o que estava escrito numa placa nas costas do aparelho.
Os dois homens telefonaram para a loja. Falaram. Ela também foi ao telefone. «Ou me trazem o aparelho que eu escolhi e já comecei a pagar, ou não há negócio!», garantiu, determinada. Do lado de lá diziam-lhe que este modelo era novo, melhor do que o outro, com mais funcionalidades e tudo. Mas ela não cedeu: ou era o frigorífico que tinha escolhido ou não seria nenhum outro. Só queria aquele. E acrescentou que estavam a tentar enganá-la, a vender-lhe gato por lebre.

Os dois homens lá tiveram voltar a carregar o frigorífico novo, escadas abaixo, de regresso à loja. Sem vontade, mas também sem outra alternativa, perante a firmeza de Filomena. E prometeram voltar no prazo de dois, três dias.

Assim aconteceu. Regressaram na terça-feira seguinte, então sim com o tal frigorífico, o que ela escolhera. Instalaram o aparelho novo e levaram o velho. O negócio, finalmente, concretizara-se: ela escolhera determinado produto e o que lhe entregaram correspondia ao que tinha escolhido. Estava desfeito o engano, cumprira-se o contrato.

Nessa noite, sentada no sofá, a descansar de mais um dia de canseiras, tantas!, Filomena deu consigo a filosofar: «Assunto encerrado, este do frigorífico. Em duas semanas tudo se resolveu. Fosse assim na Política!... Nesta, votamos num partido que promete não aumentar impostos, ele ganha, chega ao poder e faz o contrário, e quando nós reclamamos e pedimos que cumpra o prometido, dizem-nos para esperar pelas próximas eleições, para esperar quatro anos. O negócio dos frigoríficos, afinal, é mais sério do que a Política».


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O “beija-mão” (republicano) na Câmara Municipal

À direita, deputados municipais que cederam os seus lugares a outros cidadãos
e que, por isso, estiveram de pé durante a hora e meia da cerimónia de posse

Foram hoje empossados os principais responsáveis pelo concelho de Coimbra. E o Salão Nobre foi pequeno para as centenas de pessoas que se deslocaram aos Paços do Concelho, na Praça 8 de Maio, ao lado da Igreja de Santa Cruz (que a candidatura de Coimbra a Património Mundial gostaria de ver na Rua da Sofia, mas que fica na Baixa, no antigo Largo de Sansão, onde à sombra de uma palmeira foi criado há mais de 94 anos o popular Clube de Futebol União de Coimbra).

[Fui à cerimónia por uma razão muito pessoal: um dos membros da família foi empossado como deputado municipal. Como estou desempregado e tenho muito tempo livre – para além das apresentações quinzenais na junta de freguesia, da procura activa de trabalho e do curso de inglês na Novotecna através do Centro de Emprego – aproveitei para acompanhar esse familiar. Mas dei comigo a pensar se muitas daquelas centenas de pessoas também estarão desempregadas, se estarão reformadas, se nunca tiveram ocupação ou se, pura e simplesmente, se tinham ausentado do posto de trabalho para estarem ali...]

Cheguei quando faltavam 10 minutos para a cerimónia. Muito a tempo, pensei. À porta do edifício, pareceu-me ver duas guardas-de-honra: uma dos bombeiros municipais (que sei para o que servem) e outra da polícia municipal (que não sei para o que especificamente serve). Mas… muito a tempo, qual quê?!
Subi a escadas e fiquei parado. Engarrafamento total. Uns minutos depois, lá consegui entrar. Fiquei perto do fundo do salão nobre, mas do lado de fora, numa sala contígua. Não via nada, mas ouvia.
O ambiente era quase de romaria. Solenidade, pouca ou nenhuma. Formalismos apenas. Sem querer ser indelicado, sempre escrevo que dei comigo a pensar, dada a aglomeração de pessoas, e a “desorganização organizada”, no Mercado do Norton de Matos, ao sábado de manhã, onde só fui uma vez, há muitos anos, e onde só estive uns minutos porque detesto aglomerações desorganizadas.

Foram chamando os vereadores, um a um. Depois os deputados municipais, um a um. E os presidentes de junta, também um a um. Nome, idade, morada, com rua, número de porta e andar. A uns acrescentaram a habilitação académica. A outros juntaram a profissão.
Saí a meio, talvez. Ao fundo das escadas, muitas dezenas de pessoas acompanhavam a cerimónia em dois ecrãs. Fui conversar com amigos para a porta do edifício. Não ouvi o discurso do novo presidente. [Mas li-o mais tarde e gostei. Um conjunto de bons princípios, dos quais destaco a ideia de que o Município de Coimbra não será subserviente ao Governo da República. Concordo inteiramente, com a mesma convicção com que participei há mais de 10 anos no maior movimento cívico alguma vez desencadeado em Coimbra: a luta (perdida) contra a co-incineração em Souselas, decretada por um Governo socialista.]

Voltei a subir as escadas. Decorriam os últimos cumprimentos aos novos eleitos. Num ápice, o Salão Nobre ficou vazio. Era meio-dia-e-meia, hora de almoço.

A seguir reuniu-se pela primeira vez a nova a Assembleia Municipal, para eleger a Mesa da Assembleia e ouvir o novo presidente. A sessão era pública mas na sala apenas estavam, para além dos membros da assembleia, dez “cidadãos comuns” e três jornalistas.
A cidade – que ali tinha estado representada minutos antes por centenas de entidades, personalidades e outros cidadãos – virara as costas à Assembleia Municipal.
Amanhã, ao ler os jornais, saberá quem foi eleito presidente e quem são os novos secretários.
Já passava da uma-e-meia quando tudo terminou.

[Não, não houve nenhum hino, nenhum “momento especial”. Nada mais aconteceu, parece-me, do que aquilo que relatei. Tudo se resumiu ao formalismo das posses, às intervenções dos dois presidentes e às centenas de apertos-de-mão e beijinhos. Sim, foi uma cerimónia pobrezinha.]

Cá fora, um dos novos eleitos comentava que tinha sido cumprimentado por pessoas que o tinham deixado de cumprimentar há anos. Como se não soubesse que o Poder tem tal “cheiro” que atrai os apertos-de-mão. E não só.

Blogue, mês 1


O blogue completou este fim-de-semana um mês de existência, período durante o qual foram publicados 22 textos e registadas 9.100 visualizações de página.

Os textos mais lidos foram os seguintes:
  1. Eleições históricas em Coimbra
  2. Os jornais de Coimbra e as eleições
  3. Presidentes da Câmara de Coimbra (1976-2013)
  4. Obras públicas e cheiro a corrupção
  5. Um texto que fala de mim (aos 18 anos)
  6. Adeus, minha querida
  7. Da paixão pelos jornais
  8. Abstenção à beira da maioria
  9. CARTA (póstuma) A LUIZ GOES
10. Coimbra cresce: são 128.916 os eleitores

Quanto a comentários, ultrapassaram as seis dezenas os que foram escritos no blogue. Muitos mais foram feitos no Facebook, onde os vários textos foram anunciados.
E há quatro que ficaram no congelador, um dos quais com muita pena minha, porque foram produzidos por anónimos. [Eu identifico-me e, por isso, o mínimo que exijo a quem visita o blogue e quer comentar é que se identifique também. Mesmo assim, alguns comentários de anónimos foram publicados, porque não eram ofensivos para ninguém.]
Por mensagem privada recebi algumas sugestões de temas a abordar, que agradeço e que tentarei concretizar logo que possível.

Como curiosidade, os acessos ao blogue foram realizados a partir dos seguintes sistemas operativos:
Windows - 6.552 (71%)
Macintosh - 731 (8%)
iPad - 576 (6%)
iPhone - 450 (4%)
Android - 391 (4%)

Quanto a navegadores, os acessos partiram dos seguintes:
Chrome - 3.878 (42%)
Firefox - 1.843 (20%)
Internet Explorer - 1.661 (18%)

Já sobre países, os números são mais curiosos, especialmente devido aos… EUA:
Portugal - 7.400
Estados Unidos - 1.111
Reino Unido - 75
França - 54
Indonésia - 53
Brasil - 49
Rússia - 45
Angola - 33
Suíça - 26
Alemanha - 25

Ao longo deste mês, tentei publicar um texto logo pela manhã, de segunda-feira a sexta-feira. É uma responsabilidade que continuarei a assumir enquanto puder, embora o horário de publicação possa avançar pelo dia.

Em breve, por outro lado, será feita uma reformulação gráfica, a partir da oferta de um amigo. Confesso que não gosto especialmente do grafismo actual, mas a verdade é que tenho pouco conhecimentos desta área. Tentei agora, no Centro de Emprego, inscrever-me num curso de design de páginas web, mas acabei num curso de inglês… J

Os objectivos continuam a ser os mesmos: abordar a realidade coimbrã, dedicando particular atenção à Comunicação Social, sem descurar a vida do país. E tentar fazê-lo sob prismas que não são os habituais.

A terminar, uma palavra de agradecimento a quantos por aqui têm passado. Muito obrigado.
E… participem!
Façam o favor de se sentirem em casa.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Aventura na Secretaria-Geral da Universidade

Os sucessivos talões de estacionamento

Terminado o mestrado, quis obter o respectivo Diploma e uma certidão da Acta do Júri. Tentei pedir os documentos no sítio dos Serviços Académicos na internet, mas a “Acta” não consta das opções disponíveis.

POR TELEFONE E POR E-MAIL
No dia 23 de Setembro, contactei telefonicamente os serviços e fui informado de que deveria enviar uma mensagem de correio electrónico a solicitar a emissão dos referidos documentos. Como resposta receberia um formulário para preencher e uma referência multibanco para efectuar o respectivo pagamento.
Foi o que fiz no dia seguinte: «Solicito informação de como obter os seguintes documentos:
- diploma de conclusão de mestrado
- cópia da acta do júri das provas de mestrado.
Informo que as provas, em Comunicação e Jornalismo, decorreram no passado dia 12 de Setembro. Mais informo que se trata de um mestrado pré-Bolonha.»

No dia 9 de Outubro, como continuava sem receber qualquer resposta, enviei nova mensagem: «Recordo o pedido de informação efectuado há 15 dias. Se bem que não se trate de algo muito urgente, creio ser razoável ter resposta em duas semanas.».
Continuei sem resposta. Até ontem, 23 dias depois da primeira mensagem.

Serviços Académicos. As duas placas estão em branco...

PRESENCIALMENTE
Ontem decidi ir pessoalmente à Secretaria-Geral. Pensei que seria um “dia bom”, porque já decorria a “Recepção ao Caloiro” e, portanto, haveria poucos estudantes.
Lá fui.
Cheguei às 9h30, tirei a senha número 37.

E foi assim, como fui relatando no Facebook…
10h09. Das seis posições de atendimento apenas três estão a funcionar. As duas posições de Tesouraria estão a funcionar, mas estão sem interessados. À espera cerca de 50 pessoas.
10h12. Foi chamado o número 8. O número 12 está a ser atendido porque é um caso de doutoramento.
[Dizem-me que um “senhor professor”, se for tratar do assunto de um filho, também terá prioridade no atendimento. Não apareceu nenhum. Felizmente?...]
10h15. Chamado o 10. Sistema é oral. Quanto às senhas, o sistema é igual ao das secções de peixe dos supermercados.
[A máquina de separação de assuntos está avariada. O quadro electrónico está avariado. De vez em quando, uma funcionária levanta-se e vem ao “hall” perguntar «Está alguém de doutoramento?...». Privilégios…]
10h25. Quinta posição de atendimento prepara-se para começar. [Afinal, tratou-se de “alarme falso”…] Vou sair. Tenho de ir à Couraça de Lisboa colocar mais 50 cêntimos na máquina de estacionamento. Meus só serão 30 cêntimos, porque a máquina do café enganou-se no troco e deu-me 20 cêntimos a mais.
10h40. Regresso. O estacionamento está pago até às 11h31. Chamam o número 16.
10h45. Os números 12 e 47 foram atendidos primeiro. São (outros) casos de doutoramento. Pais a tratar de assuntos de filhos. O 12 tinha chegado às 7h30; a filha está numa empresa e não poderia deslocar-se. O 47 só veio entregar um documento relativo à bolsa atribuída ao filho, a fazer doutoramento em Lisboa mas professor, segundo percebi, em Coimbra.
10h50. Leio o “Diário Económico”, grátis, apesar do jornal ter impresso o preço: 1,60 euros. Estavam uns 10 exemplares em cima da mesa, agora estão lá dois, um deles já meio amassado.
11h10. Chamam o 26. Há quatro posições de atendimento a funcionar.
11h15. O dispensador de senhas tem à vista o 72.
11h20. Assalta-me uma dúvida: terei de voltar ao parquímetro? Faltam 11 minutos. Está a ser atendido o número 31.
11h22. Volta a passar à frente um candidato de doutoramento. [A minha interlocutora de conversa de ocasião, a 38, também acaba de ser atendida. Era igualmente um assunto relacionado com doutoramento.]
11h30. Tudo na mesma...
11h35. É chamado o 33.
12h00. Voltei ao parquímetro da Couraça de Lisboa; mais 30 cêntimos... Entretanto, o 34 e o 35 não apareceram e o 36 (que tinha três senhas na mão) foi chamado. Às 11h42 chamaram o 37. Eu. Disse ao que ia, preenchi um impresso, paguei 25 euros por duas certidões e... pedi para ir ao parquímetro enquanto tratavam dos documentos. Estou agora a regressar da Couraça e a reentrar na Secretaria-Geral.
12h12. Já vi os meus documentos. Vão levar o selo branco. Chamam o 42. O dispensador de senhas mostra o 92.
12h14. Tenho os documentos. Inicio o caminho de regresso ao automóvel, estacionado na Couraça de Lisboa, porque a rua onde se situam os Serviços Académicos é interdita a não-residentes na zona.

SIMPATIA E… OUTRO E-MAIL
Fui atendido com profissionalismo e, até, simpatia. O pedido da Acta do Júri não é vulgar, porque obrigou a esclarecimentos. Mas enquanto fui à Couraça pagar mais 40 minutos de estacionamento, o assunto foi tratado.

Às 15h00, três da tarde em ponto, recebo um e-mail dos Serviços Académicos: «O seu pedido foi considerado Concluído por uma ou mais das seguintes situações: 1) A questão/problema colocado foi considerado respondido. 2)  O serviço foi considerado concluído. 3) A sua mensagem não está relacionada com a Gestão Académica e portanto, será reencaminhada para outro canal de informação da Universidade».
Respondi horas mais tarde da seguinte forma: «Muito obrigado pela mensagem. Informo que o meu pedido foi concluído porque, depois de 23 dias sem receber qualquer resposta desses Serviços, me desloquei à Secretaria-Geral e – após cerca de duas horas e meia de espera – tratei pessoalmente do assunto.»

E… chegou assim ao fim mais uma aventura nos serviços da Universidade de Coimbra, em Portugal – Europa, no ano da graça de 2013 – século XXI.
Foi a quinta aventura, no espaço de um ano.
Nada mau.


A acta que eu queria ter... (excerto)

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Pensamentos de Verão-Outono

O Facebook é propício a textos curtos, enquanto o blogue parece destinado a acolher prosas mais elaboradas.
Volta e meia, escrevo no "Face" o resultado de algumas reflexões sobre a actualidade. São PENSAMENTOS disto e daquilo, uns mais cáusticos outros mais humorados.
São algumas das reflexões redigidas entre Agosto e Outubro, reflexões de meia-estação, que hoje aqui trago.


PENSAMENTO MATINAL-SINDICAL
É ridícula a obsessão da CGTP pela Ponte Sobre o Tejo, que ontem foi Ponte Salazar, hoje é Ponte 25 de Abril e amanhã não se sabe o que será.
(16 de Outubro)


PENSAMENTO... COMERCIAL
Ir ao Continente comprar bilhetes para o futebol é como entrar numa sapataria e pedir uma dúzia de sardinhas.
(11 de Outubro)


PENSAMENTO... MOTORIZADO
Se for ao Fórum ou ao Dolce Vita tenho estacionamento garantido e não sou obrigado a comprar nada.
Se for ao hospital, não tenho estacionamento e sou obrigado a pagar taxa moderadora.
(10 de Outubro)


TAREFA PARA HOJE
Procurar a ética republicana.
(7 de Outubro)


5 DE OUTUBRO
Dou comigo a pensar que a nossa República está cheia de cortesãos.
(5 de Outubro)


PENSAMENTO PÓS-ELEITORAL
As minhas segundas-feiras seguintes às eleições são rigorosamente iguais às sextas-feiras anteriores. Há 38 anos.
(30 de Setembro)


REFLEXÃO POLÍTICA matinal
Quando Coelho, Seguro, Jerónimo, Portas e Catarina andam pelo país, a propósito das eleições autárquicas, a enviar recados uns aos outros, o que todos demonstram é uma enorme falta de respeito pelos cidadãos.
Portugal continua a ser Lisboa. O resto é paisagem.
(24 de Setembro)


PENSAMENTO DE SEGUNDA-FEIRA DE MANHÃ
O Verão mais frio dos últimos 100 anos nunca mais acaba.
Já estou farto de tanto calor.
[E parece que o Outono irá pelo mesmo caminho.]
(16 de Setembro)


PENSAMENTO SOBRE FUNÇÃO PÚBLICA
Se o Governo pretende reduzir pessoal na Função Pública pode começar por rescindir com os milhares de boys e girls com que os vários partidos têm infestado os serviços.
[Podemos ajudar a fazer a lista. Todos conhecemos vários casos...]
(30 de Agosto)


MORAL DE ESQUERDA
(com uma valente gargalhada)
Uma das coisas que há muito me causa urticária é a sobranceria de sectores ditos esquerdistas, que se arrogam uma superioridade cultural, moral, política, etc.
Eles é que sabem, eles são mais cultos, são mais inteligentes, são mais instruídos, são mais sérios intelectualmente, eles são... uma espécie de “deus”.
(31 de Agosto)


REFLEXÕES DE UM PROVINCIANO
O país arde a Norte e a Câmara de Lisboa ocupa centenas de bombeiros num simulacro no Chiado.
Não há aviões para combater os fogos florestais e um ministro lisboeta compra... submarinos.
(29 de Agosto)


SIMULACRO NOJENTO
Com o país a arder, a Câmara de Lisboa promoveu hoje um simulacro do incêndio do Chiado, envolvendo 300 homens e 80 viaturas.
Poucas horas depois do funeral da jovem bombeira morta pelas chamas.
Ao fim de 25 anos, ainda não se conhecem as causas do incêndio no Chiado. Mas sabe-se que as floreiras colocadas pela Câmara impediram um combate eficaz às chamas, porque os carros dos bombeiros não podiam passar.
Por tudo isto, António Costa, a ideia [da Câmara] de comemorar os 25 anos da destruição do Chiado é um verdadeiro nojo.
Um nojo... nojento, ouviu, António?
(25 de Agosto)


REFLEXÃO (confusa) DOMINGUEIRA
Carvalho da Silva (CGTP) sai devagarinho do PCP.
João Proença deixa a UGT e passeia-se com estrondo no PS.

Da vida de Álvaro Cunhal nada se sabia. Nem sequer a casa onde morava.
Agora publicam-se livros que querem mostrar um conimbricense como os outros.
(25 de Agosto)


REFLEXÃO MATINAL
(numa serra do distrito de Coimbra)
O ministro da Administração Interna anunciou que a partir de hoje haverá 200 militares a vigiar as florestas.
O número está errado. Deveriam ser... 228.
Porque hoje é 22/8. Sim, 22 de Agosto.
(22 de Agosto)


BREVE REFLEXÃO POLÍTICA
PS e Bloco de Esquerda avisam que, caso Cavaco Silva promulgue o diploma das 40 horas de trabalho na Função Pública, irão suscitar a constitucionalidade do diploma.
Será isto uma pressão sobre o Presidente da República?
Ou só as declarações de Passos Coelho constituem pressão sobre o Tribunal Constitucional?
Já agora: serão altas ou baixas pressões?
(19 de Agosto)


REFLEXÃO FUTEBOLÍSTICA
(porque hoje é domingo)
Uma coisa é gerir, outra coisa é dirigir.
Uma coisa é ser gerente, outra coisa é ser dirigente.
Luís Filipe Vieira prova que não passará de um gestor.
O Benfica está sem treinador (como escrevi em Maio) e já deve ter perdido um campeonato que ainda não começou.
(11 de Agosto)


REFLEXÃO JORNALÍSTICA
Os jornais são escritos por profissionais cada vez mais jovens (porque mais baratos) e lidos por pessoas cada vez mais idosas (porque habituadas às notícias em papel).
O “desencontro” provoca resultados facilmente previsíveis.
Maus resultados, claro.
(3 de Agosto)

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Orçamento do Estado - 2014

O Orçamento do Estado toca-nos a todos, seja pela via dos salários, seja pela dos impostos directos e indirectos.
Trata-se de um documento inintelegível para a maioria dos cidadãos (eu incluído) e que, por isso, carece da "tradução" de especialistas para linguagem comum.
O "Jornal de Negócios" faz esse trabalho na edição de hoje, dedicando ao tema cerca de duas dezenas de páginas. Uma edição com muito para ler e... tentar perceber.

Publico aqui algumas imagens retiradas do "Jornal de Negócios".
Para quem goste de saber mais, a PricewaterhouseCoopers - Portugal tem disponível um documento em "pdf", intitulado O essencial do OE 2014, que pode ser descarregado gratuitamente em
http://www.pwc.pt/pt/pwcinforfisco/orcamento-estado/2014/analise_proposta_pwc.jhtml

O "Diário Económico" disponibiliza no seu sítio na internet um simulador para os funcionários públicos saberem a dimensão dos cortes nos respectivos salários. Está aqui:
http://economico.sapo.pt/noticias/simulador-calcule-quanto-vai-encolher-o-seu-salario_179446.html
Leiam, analisem e comprovem como o Estado (esse glutão insaciável) se prepara para meter - ainda mais - a mão nos nossos bolsos.

(CLIQUE NAS IMAGENS para ver melhor)
Cortes na Função Pública

Orçamento do Estado em resumo

Tabela de IRS

Centros de Saúde sem aumentos

Edição de hoje

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Selecção em Coimbra 43 meses depois


A selecção A portuguesa de futebol defrontou hoje à tarde (18h00) o Luxemburgo no Estádio do Calhabé. Decorreram 43 meses e 12 dias desde a última visita da "equipa das quinas" a Coimbra.

A selecção que hoje subiu ao relvado do denominado Estádio Cidade de Coimbra (ECC - sigla que eu penso terá melhor tradução como "Empreendimento Comercial do Calhabé") é uma espécie de equipa B de Portugal.
Basta atentar nos três jogadores com maior número de internacionalizações que estão convocados (Nani, Postiga e João Moutinho) e ver qual o lugar que ocupam na lista dos mais utilizados de sempre.

Início da 2.ª parte


LISTA DOS 25 JOGADORES COM MAIS INTERNACIONALIZAÇÕES 
intern.
jogador
posição
golos
nasc.
último clube
127
FIGO
médio
32
1972
Inter
110
F. COUTO
defesa
8
1969
Parma
107
C. RONALDO
avançado
43
1985
Real Madrid
94
RUI COSTA
médio
26
1972
Benfica
88
PAULETA
avançado
47
1973
S. Roque (P. Delgada)
85
SIMÃO SABROSA
avançado
22
1979
Espanyol
81
JOÃO V. PINTO
médio
23
1971
Sp. Braga
80
VITOR BAÍA
guarda-redes
0
1969
FC Porto
79
NUNO GOMES
avançado
29
1976
Blackburn
79
RICARDO
guarda-redes
0
1976
Olhanense
75
RIC. CARVALHO
defesa
4
1978
Mónaco
75
DECO
médio
5
1977
Fluminense
70
RAUL MEIRELES
médio
9
1983
Fenerbache
70
JOÃO PINTO
defesa
1
1961
FC Porto
69
NANI
avançado
13
1986
Man. United
68
BRUNO ALVES
defesa
9
1981
Fenerbache
65
NÉNÉ
avançado
22
1949
Benfica
64
EUSÉBIO
avançado
41
1942
U. Tomar
64
POSTIGA
avançado
26
1982
Valência
63
HUMB. COELHO
defesa
6
1950
Benfica
63
BENTO
guarda-redes
0
1948
Benfica
62
PAULO FERREIRA
defesa
0
1979
Chelsea
62
JOÃO MOUTINHO
médio
2
1986
Mónaco
59
MIGUEL
defesa
1
1980
Valencia
58
TIAGO
médio
3
1981
At. Madrid
Em destaque: jogadores actualmente em actividade.
Com fundo amarelo: jogadores que estiveram hoje em Coimbra.


JOGO COM A CHINA EM MARÇO DE 2010
A última vez que a selecção portuguesa jogou em Coimbra foi no dia 3 de Março de 2010. A selecção portuguesa venceu por 2-0, com golos de Hugo Almeida (35m) e Liedson (90m).
Perante cerca de 20.000 espectadores, e sob a arbitragem de Djamel Haimoudi (Argélia), Portugal alinhou da seguinte forma:
Eduardo (Hilário, 46m); Paulo Ferreira, Bruno Alves (Tonel, 63m), Rolando e Duda (Miguel, 46m); Raul Meireles, Tiago (Pedro Mendes, 46m), Simão (João Moutinho, 46m) e Nani (Varela, 62m); Cristiano Ronaldo (Liedson, 46m) e Hugo Almeida.
Em maiúsculas os quatro jogadores que, 43 meses depois, voltaram a pisar o relvado do Calhabé.


JOGO "TIPO CONTINENTE"
(COM 50% DE DESCONTO)

Não foi um grande espectáculo, o desafio desta tarde com o Luxemburgo, mas foi aquilo a que se pode chamar um jogo entretido. Estiveram no estádio 18.955 espectadores e Portugal ganhou com facilidade, como quis e quase quando quis.
Mais uma vez, a equipa treinada por Paulo Bento só mostrou alguma qualidade em metade do jogo, interpretando bem a parceria da Federação Portuguesa de Futebol com o Continente que permite comprar bilhetes com 50% de desconto em cartão. Para "meios bilhetes"... um "meio jogo" de uma selecção remendada.

GOLOS - De qualquer modo, o espectáculo de hoje foi melhor do que o da passada sexta-feira, no Estádio de Alvalade, quando Portugal empatou com Israel a uma bola (golo de Ricardo Costa, aos 27 minutos).
Hoje, Portugal chegou ao intervalo a vencer por 2-0, com golos de Varela (30m) e Nani (37m).
Curiosamente, Varela estava a ser um dos piores em campo, perdendo lances sucessivos, mas melhorou com o golo. Nani foi alternando bons lances com intervenções discretas e lentas.
Na 2.ª parte, Postiga marcou aos 79 minutos.

Casa de banho ao intervalo

EXPULSÃO - Portugal jogou mais de uma hora em superioridade numérica, dado que luxemburguês Joachim foi expulso aos 28 minutos. Apenas após a expulsão é que a equipa portuguesa conseguiu marcar. Marcou três, deu a sensação de poder marcar mais. No entanto, a lentidão foi tanta que se chegaram a ouvir assobios nas bancadas.

AZARADO - Quem repetiu uma exibição medíocre foi o figueirense Hugo Almeida, mal em Alvalade e mal no Calhabé.

RONALDO - Ninguém se lembrou dele durante o jogo de hoje.

EQUIPA - Portugal alinhou com Rui Patrício; André Almeida, Luís Neto, Ricardo Costa (Sereno, 59m) e Fábio Coentrão (Antunes, 76m); Miguel Veloso (Hugo Almeida, 58m); João Moutinho e Josué; Nani, Silvestre Varela e Hélder Postiga.

Mais um para a colecção. Ontem vendiam-se dois cachecóis por 5 euros

HINO - Cantado hoje no Estádio do Calhabé. Um dos momentos (sempre) altos dos jogos da selecção. Para ver aqui: http://www.youtube.com/watch?v=5DQ_T51Wjcw&feature=youtu.be

RELVADOS - Em más condições, tanto o do Calhabé como o de Alvalade. Com um Verão muito quente, parece que os responsáveis quiseram poupar nos consumos de água... :(

SINAIS DOS TEMPOS - Há uns meses, deixei a compra do cachecol do Portugal-Rússia para o final do jogo. Fiquei sem ele na colecção; esgotaram. Na sexta-feira, em Lisboa, e hoje, em Coimbra, havia "cachecóis do jogo" à saída dos estádios. Antes dos jogos um cachecol custava 5 euros, depois dos jogos os mesmos 5 euros davam para dois cachecóis. Hoje, comprei dois por 5 euros, mas... antes do jogo. «É para me estrear», disse a rapariga. ;)